As Crônicas de Little Ant: Uma Jornada em Busca de Liberdade — Parte I

terça-feira, 27 de setembro de 2011 § 0

O dia estava quente e não havia nenhuma nuvem no céu. As formigas apressaram-se em sair de seus ninhos. Subiram em árvores buscando os raios de sol, aqueceram seus músculos e começaram a voar... Milhares e milhares de formigas formaram um nevoeiro.
Essas sombras em movimento perturbavam a mente de Little Ant, pois lhe faziam lembrar que ouvira sobre raios e trovões. Estava cada vez mais pensativa sobre a aproximação de fortes torrentes. E disso ela tinha certeza; sentia inexplicavelmente.
De alguma daquelas formigas voadoras, uma voz lhe dirigiu:
– Atravesse o rio, as savanas, e nos campos você poderá encontrar ajuda. Dizem que lá as zebras podem te ensinar a voar.
Little Ant ficou entusiasmada até que, repentinamente, brotou-lhe uma ideia desanimadora:
– Que absurdo! Como as zebras podem voar se não têm asas?
Mas percebendo que ficara sozinha ali, decidiu rumar-se ao rio.
Enquanto descia da árvore, encontrou um percevejo chamado Straw. Ele estava se alimentando da seiva de um broto.  Little Ant imaginou que seria útil ter um companheiro voador em sua jornada, pois evitaria as subidas em lugares altos a fim de observar o horizonte.
– Ei, você não estava por aqui quando eu subi – disse Little Ant, aproximando-se desconfiada.
Straw, que já era todo desengonçado, ficou apavorado por ser menor que Little Ant. Bem atrapalhado, empregou muita força na tentativa desesperada de tirar seu estilete daquele broto, o que acabou lançando-o ao chão quando, finalmente, conseguiu se soltar.
Little Ant teve um impulso de saltar atrás dele, mas, quando olhou para baixo, teve medo da altura. Então rapidamente percorreu a descida.
Ela o encontrou ainda zonzo por causa da queda. Enquanto ele se recompunha do tombo, explicou-lhe a situação:
– Sossega! Eu não vou te fazer mal. Eu tenho que encontrar as zebras voadoras do outro lado do rio. Você poderia me ajudar...
– Ah, sim... Eu já vi muitas zebras voadoras em minhas viagens; você vai encontrá-las – Straw ironizou, ainda tonto.
– Então você conhece do lado de lá do rio... Essa notícia é como mel pr’...
– Mel?! Você conhece mel? – ele a interrompeu euforicamente.
– Hum... Ouvi falar que é maravilhoso. As operárias me contavam histórias sobre formigas corajosas que roubavam mel.
– Uau... Então você pode conseguir mel para mim!... Eu fui enganado! Eu alimentei uma cigarra por dois dias em troca de quase nada de mel. Você sabe o tanto de seiva que uma cigarra suga? É muita coisa! E pra quê? Nem cheguei a conhecer o que é o mel... Ah, mas isso não vai ficar assim, não mesmo! Eu vou...
– Tudo bem! Então você me ajuda? – Little Ant indagou, interrompendo o percevejo irritado.
– Claro que sim! – Straw respondeu, levantando voo em direção ao rio, já não se importando se zebras voadoras existem ou não.
Little Ant apertou o passo para tentar acompanhá-lo. Embora voasse em ziguezagues, Straw ia se afastando. Ela, naquele ritmo acelerado, ia avaliando a situação, em seus pensamentos:
– As operárias estavam certas... Os percevejos são muito esquisitos para voar. Se eu aprendesse com ele seria como um rola-bosta que caminha de costas.
Ainda a tempo de avistá-la, Straw percebeu que Little Ant não tinha alçado voo. Então foi se aproximando com curiosidade. Percebeu que tinha algo estranho na asa da formiga, mas receoso de irritá-la, não fez nenhum comentário. Então se pôs a caminhar também. 

(Wesley Rezende)

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