Archive for abril 2011

Seção Poema — Vida-ponte Ponte-vida

quinta-feira, 28 de abril de 2011 § 0

Vida-ponte Ponte-vida

Eu posso tudo que quero
Eu posso pular da ponte
todo livre
ou de bungee jump

Eu posso observar
o horizonte
de cima da ponte

Talvez encostado no parapeito
Talvez passando rapidamente por ela
Também posso passar
de olhos bem fechados

Eu posso tudo que quero
Eu posso ter medo
medo de ponte

Medo de uma ponte
que me leve ao inferno
Medo de uma ponte
que prejudique minha alma

Não quero tudo que posso
Não quero pular da ponte
Não quero ir pro inferno



Wesley Rezende

Seção Poema — Além

quarta-feira, 27 de abril de 2011 § 2

Além

"Não estamos bem,
mas ainda podemos cantar"
foi o que disse para se enganar
— disse porque não tem esperança

Você
todo medroso
finge ser feliz
com coisas medíocres

Deixe o "mas" de lado
Não há nada de valor
além do amor

Vamos parar de fingir que somos felizes
Vamos parar de impedir o choro das crianças
Vamos chorar, chorar
chorar com as crianças
chorar como crianças

E vivendo a miséria
vamos nos cansar dela
E vencendo a miséria
haverá cânticos belos

Podemos ir além
depois de um amém


Wesley Rezende

Seção Poema — Palavras Enfumaçadas

sábado, 16 de abril de 2011 § 0

Palavras Enfumaçadas

o meu coração tem dono
sou eu mesmo
eu gosto de quem quero
eu me empresto a quem merece

você que não reconhece palavras chulas
você que não seleciona seu vocabulário
você é como um filtro de cigarro
— eu odeio o cheiro de cigarros
você inspira o amargor da vida
e expira o mesmo
você é um filtro inútil

e ainda quer me conquistar com seu hálito amargo
e com seus lábios negros?
eu não sou fraco
eu não gosto de você
você é covarde em se justificar numa fraqueza inexistente
mas se você se diz fraca, eu me calo
não perco meu tempo com você

na verdade, nem gosto de estar perto de você
eu odeio o cheiro de cigarros


Wesley Rezende

Seção Poema — Eu e o Lirismo na Prisão

quinta-feira, 14 de abril de 2011 § 0

Eu e o Lirismo na Prisão

eta!
o lirismo me aprisionou.
eta! eta! eta! eta!
o lirismo está interrogando,
torturando-me em busca
das loucuras preciosas,
que se fazem preciosas
diante de um olhar louco.
um olhar louco-sábio,
puro, simples, humano.

o lirismo vendou meus olhos;
os olhos que me fazem ter medo.

olhos que quando estão abertos
obscurecem a visão dos meus sentimentos.
o lirismo vendou meus olhos
para que eu possa descrever-lhe
aquilo que não se vê em mim,
aquilo que faz parte de mim.

o lirismo vai me afogar.
quer simular e acentuar
a agonia do meu dia-a-dia
para que me torne irracional, instintivo,
e lhe confesse tudo,
sem mentiras, sem branduras, sem cuidado algum

não sabe ele que estou farto de dores!
não sabe ele que a dor não é minha inspiração!
não sabe ele que sou mais forte do que isso!
não sabe ele que estou no controle da situação!
não sabe ele que em breve vou aprisioná-lo;
e usá-lo, explorá-lo, discerni-lo, dividi-lo!



Wesley Rezende

Seção Poema — Medo de Você

segunda-feira, 11 de abril de 2011 § 2

Medo de Você

tenho medo de você
medo de te decepcionar
tenho medo de você
medo de não ter o que falar

não humilhe meu amor
por favor!
não ria de mim
quando te dizer "te amo"

tenho medo de você
tenho medo de nunca mais amar
tenho medo de não saber o que é o amor

tenho medo de não me conter
medo de te elogiar demasiadamente
medo de expressar o amor-demais que há em mim

medo de que você o ache pequeno
medo de que você me ache pequeno, pobre e tolo

Ah! como tenho medo de você
tenho medo de ficar em silêncio
e assim, você esqueça que eu existo
estou aqui!... Com medo de você!



Wesley Rezende

Seção Poema — Domingos

quinta-feira, 7 de abril de 2011 § 0

Domingos

Esforço-me
Matando-me todo dia
Para chegar ao fim de semana

Mas nunca chega
O descanso seguro

Eu te vejo todo dia
Meu fim desejado
Meu fim de semana

Quero ser teu amigo
Ó domingo!

Mas não sou confiável
Não tenho esperanças

E sempre
Minha semana fica incompleta
Não tenho os domingos

E eu não consigo
Me aproximar de ti
Não te mereço domingos

Mas eu quero ser teu amigo!

Wesley Rezende

Seção Poema — Sou Mais Amor

quarta-feira, 6 de abril de 2011 § 2

Sou Mais Amor

Amor escondido
Amor impossível

Amor em mim
Somente em mim

Eu sou amor
Perto da dor

Amando, amando...
Nunca amado

Amando, amando
Sou mais amor

Não erro amando
Não amo errando

Eu sinto amor
Quero amor

Amor liberto
Amor comum

Grito “te amo”
Ouço silêncio

Ninguém me ama
Sigo amando

Sempre amando
Sou mais amor


Wesley Rezende

Filosofia

terça-feira, 5 de abril de 2011 § 0

Todos os homens de que se tem conhecimento, registro histórico irrefutável, eram ou são constituídos de capacidade de raciocinar. Ignorando a lenda cômica da Teoria da Evolução, de Darwin, desde sua criação o homem pensa e é pensado.
A inteligência é dom de Deus; é algo que assemelha a humanidade à divindade. A partir dessa sabedoria se pode, ou não, viver conforme padrões morais.
Todavia, é necessário que a capacidade de pensar seja exercitada para que se aperfeiçoe. A filosofia é o exercício do saber; é a prática da meditação, do debate ou da enunciação do conhecimento inato ou observado no universo.
A filosofia é reflexo dos sentimentos, das escolhas, das preferências e atitudes de todo homem, e se reflete sobre tudo isso. A filosofia é um objeto constituído com as ideias da humanidade; pode ser sistematizada obedecendo a critérios temáticos, culturais ou sociais.
Portanto, este objeto filosofia está permanentemente crescendo em suas dimensões, pois é dotado de memória histórica. Enquanto o período da existência humana se expande, a filosofia engloba em si os resultados das relações sociais da contemporaneidade.


Wesley Rezende

Seção Poema — Apelo do Poeta

sexta-feira, 1 de abril de 2011 § 2

Apelo do Poeta

Não quero tristeza,
nem inspirar-me nela.
Os poemas podem contê-la,
mas não meu coração.

Escrevo-a sem vê-la,
e ela salta de alegria 1.
Sem pranto doloroso,
Um choro de alegria.

Se negro está o coração,
o espaço fica em branco;
os versos não se criam
e as rimas não tem graça.

O pecado que me envergonha
é a falta de harmonia.
Não é certo ser triste
e escrever poesia.

O poeta que alegra
e encanta gerações
não pode se valer
da vil hipocrisia.

A poesia vê alegria
nos dilemas e desamores.
Basta o sofrer vivido!
Não flagele a poesia.

1. Extraído do livro de Jó, capítulo 41, verso 22.

Wesley Rezende